Em Minas, desperdício de 33,5% de água não é culpa da população
IPATINGA - José Ângelo Paganini enfatiza: “É necessário investimentos em tecnologia e infraestrutura para diminuir esse desperdício significativo”. (Foto: Lairto Martins)
IPATINGA - Logo após se reunir com a presidente Dilma Rousseff, em Brasília, na última quarta-feira (28), o governador de Minas Gerais, Fernando Pimentel, afirmou que o estado pode sofrer um “severo” racionamento de água se não chover o esperado nos próximos meses. O governador declarou, ainda, que a meta no estado é “reduzir em 30% o consumo de água nos próximos meses”. A própria Companhia de Saneamento de Minas Gerais (Copasa) já havia criado uma campanha para reduzir em 30% o consumo de água pela população da região metropolitana de Belo Horizonte.
Representante da Fundação Relictos defende e investimentos em tecnologia para que concessionária atenue perda de água por vazamento
O problema, na visão de José Ângelo Paganini, é que a responsabilidade na redução do consumo de água não pode recair apenas sobre a população. “A responsabilidade deve ser compartilhada entre o estado, concessionária e a população”, afirma Paganini.
Conforme dados do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS), as concessionárias de abastecimento de água no Brasil desperdiçam em média 40% de água, por vazamento, no processo de tratamento captação, tratamento e distribuição do recurso hídrico destinado ao consumidor. Na região sudeste, esse desperdício chega a 34,4% no Espírito Santo, 33,5% em Minas Gerais, 30,8% no Rio de Janeiro e 34,3% em São Paulo. O estado vilão de desperdício de água por vazamento no tratamento é o Amapá, com 76,5%. Os dados são de 2013. Em países europeus, por exemplo, essa média de desperdício fica entre 6% e 10% apenas.
Na concepção de José Ângelo Paganini, esse levantamento é preocupante. “Na maior parte dos municípios a água é captada gratuitamente do rio. E todas as despesas de captação, tratamento e distribuição de água são repassadas para o consumidor. O gasto que a concessionária tem é repassada para o consumidor. Então a empresa relega a segundo ou a terceiro plano o ataque às questões e vazamento e perdas no sistema de tratamento e distribuição de água. Por isso há índices elevados de desperdícios”, argumenta.
CRÍTICA
No entendimento do representante da Fundação Relictos, o recado de Fernando Pimentel na última quarta ignorou os dados de desperdício d’água que são de responsabilidade do estado. “O governador está pedindo à população que faça uma economia de cerca de 30% do consumo de água. Mas se as concessionárias reduzissem essas perdas a níveis aceitáveis não seria preciso pedir à população essa redução no consumo. Se o estado não perdesse 33,5% da água que é tratada, no processo de abastecimento, não seria necessário fazer esse sacrifício de economizar 30% de água”, avalia José Ângelo Paganini.
“Então o estado, por meio da Copasa, tem sua parcela de culpa. É necessário investimentos em tecnologia e infraestrutura para diminuir esse desperdício significativo. Hoje há tecnologia acessível para minimizar essa perda”, conclui o ambientalista.
Fonte: www.jornalvaledoaco.com.br REPÓRTER: Bruno Jackson
VÍDEO: Pimentel anuncia medidas para enfrentar crise de água em Minas
VÍDEO: Carlos Bocuhy - Crise da Água e Políticas Públicas