IPATINGA - O dia de 18 de maio, infelizmente, foi baseado numa história que chocou a sociedade brasileira durante as décadas de 70 até 90 (quando se deu o fim definitivo do caso, em 1991).
Foi um dos casos mais violentos e delicados que o estado do Espírito Santo conheceu, mas que trouxe e ainda traz um alerta ao Brasil.
Dia 18 de maio de 1973, Araceli Cabrera Crespo, uma menina de 8 anos, saia mais cedo da escola a pedido de sua mãe; dirigiu-se ao ponto mais próximo e seguiu em direção ao centro de Vitória, como fora pedido no bilhete deixado na escola com a assinatura de Dona Lola Sanchéz. Após esse dia, Araceli nunca mais foi vista com vida.
Passado um tempo sem ter notícias da filha e preocupado pelo fato da menina não ter voltado para casa, Gabriel Crespo, o pai, entrou no carro da família e seguiu à procura da criança, porém sem sucesso. Por 6 dias ninguém teve qualquer notícia sobre o paradeiro de Araceli, até que dia 24 de maio, enquanto caçava passarinhos num terreno baldio atrás do Hospital Infantil de Vitória (Hospital Jesus Menino), um menino encontrou os restos de uma criança.
A partir daí começava a surgir a história bizarra que envolvia famílias ricas, drogas, estupros e torturas.
Durante muito tempo, o corpo encontrado no terreno foi deixado intocado na gaveta do Instituto Médico Legal (IML), pois ninguém tinha coragem de investigar o caso que envolvia as famílias mais poderosas do Espírito Santo; dentre elas, estavam os Michelini e os Helal, ambas com ligações no governo (político e jurídico) e conhecidas por usarem drogas e violentar meninas.
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Quem se atreveu a dar continuidade ao caso foi eliminado; foram 14 testemunhas mortas. A mãe da menina também foi apontada como suspeita, pois Lola Sanchéz, de nacionalidade boliviana, era a ligação do tráfico de drogas entre a Bolívia e o Brasil, e teria usado a própria filha como "mula" ao pedir à garota que entregasse um pacote a Jorge Michelini, um dos suspeitos de morte da criança.
Ao chegar onde deveria ser entregue o envelope, a menina foi drogada, estuprada, mutilada e seu corpo recebeu uma dose de ácido para dificultar a identificação. Os três suspeitos do crime, Jorge Michelini, Dante Michelini Júnior e Paulo Helal nunca foram condenados.
O corpo de Araceli só foi enterrado 3 anos depois de seu assassinato e a data 18 de maio, dia em que desapareceu, foi escolhida para celebrar o Dia Nacional de Combate ao Abuso e Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes, visando conscientizar a sociedade e as autoridades sobre a gravidade dos crimes de violência sexual cometidos contra menores.
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"TODOS OS DIAS DA VIDA, LEMBRO DELA"
Em entrevista por um aplicativo na internet, o irmão de Araceli, Carlos Cabrera Crespo, que mora no Canadá, também lembrou o dia do desaparecimento da menina e deu detalhes de como era a vida de Araceli antes de ser interrompida brutalmente.
Carlos contou que Araceli nasceu em São Paulo em 1964. A família se mudou de Cubatão, onde morava, porque ainda bebê Araceli sofria com a poluição.
"A minha irmã quando nasceu tinha um problema muito grave de bronquite. Um médico aconselhou meu pai a mudar para um lugar de clima melhor, sem poluição. Aí na época meu pai arrumou emprego no Porto de Tubarão. Eu tinha cinco anos e minha irmã nem andava ainda", contou.
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Ao chegar ao Espírito Santo, a família foi morar no bairro Jaburuna, em Vila Velha. Por ter muito cuidado com Araceli, os pais sempre se preocupavam em colocá-la na mesma escola que o irmão.
"A gente estudava na mesma escola, que era o colégio Marista. Mas meu pai tinha uma casa no bairro de Fátima e depois de um tempo resolveu mudar pra lá porque ficava mais perto do trabalho dele, no Porto", completou.
A mudança para o bairro de Fátima, na Serra, aconteceu meses antes do desaparecimento de Araceli, no final do ano de 1972.
"Eu fui estudar no colégio Salesiano em Vitória só que a minha irmã não podia estudar lá junto comigo, porque na época não aceitavam meninas. Por isso ela foi para a escola São Pedro, que tinha uma vizinha que estudava lá".
Carlos lembrou que Araceli era uma menina doce e inocente. "Ela era cercada de muito cuidado em casa. Eu, por ser o mais velho, tinha muito carinho com ela. Eu não tinha outro irmão, a irmã era ela. Apesar de sermos menina e menino convivíamos muito bem. Meu pai era muito dengoso com ela, por ela ser menina, por ela ser a caçula, ele tinha muito cuidado com ela", contou.
VÍDEO: Documentario sobre a morte de Caso Araceli Cabrera Crespo, assassinada no dia 18 de maio de 1973
VÍDEO: Caso Araceli - Globo Repórter 1977
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