IPATINGA - Nasceu em Santana do Paraíso, no dia 10 de dezembro de 1943. "O tronco da família do lado de minha mãe, Carlinda Anício de Oliveira, é daqui mesmo, de Santana do Paraíso e Mesquita; e o lado do meu pai, Edmir Gomes da Silveira, vem de Santana dos Ferros. Casei-me, no dia 3 de julho de 1971, com Sandra Mara Aguiar da Silveira e tivemos dois filhos: Alexandre Amilar da Silveira e Felipe Augusto da Silveira.Meu avô foi farmacêutico, formado em Ouro Preto. Fez o trajeto: Dores de Guanhães, Salto Grande, Braúnas, Joanésia e parou em Mesquita, onde morou por um tempo. Chamava-se José Gomes da Silveira, mais conhecido como sr. Juca Gomes, e foi o segundo prefeito de Mesquita. Foi onde meu pai nasceu. Minha infância foi passada em Santana do Paraíso. No entanto, convivi muito em Ipatinga antes da chegada da Usiminas, quando ainda não era cidade, mas um povoado, porque tínhamos várias famílias amigas que aqui residiam. A família do sr. Raimundo Anício era uma delas, cresci junto dos filhos dele. Além disso, tinha a família da Dona Cidinha, dos Correios, e a minha tia, Dona Maria Antonieta da Silveira, que foi a primeira professora de Ipatinga.
EDUCAÇÃO
Naquela época, após o término do antigo primário, não havia escolas na região para os jovens continuarem os estudos. As mulheres iam para Itabira ou Ponte Nova, para estudar em colégios de freiras, ou para o Colégio Pio XII, em Belo Horizonte. Os homens normalmente eram encaminhados pelos padres do povoado para colégios como: o Dom Helvécio, em Ponte Nova; o Arnaldo, em Belo Horizonte; e os seminários em Mariana, Cachoeira do Campo e Pará de Minas. Amilar, após concluir o curso fundamental em Mariana, foi estudar Filosofia em Petrópolis com os padres lazaristas e também na Universidade Católica, onde o curso era reconhecido pelo MEC. Terminou o curso em 1965 e retornou para Coronel Fabriciano, onde os pais foram morar justamente para facilitar o estudo dos filhos na época da implantação da Usiminas; fez o curso de Direito na região.
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COLÉGIO ESTADUAL DE CORONEL FABRICIANO
Em 1965, eu recebi dois convites para começar a trabalhar: um das irmãs do Colégio Angélica, em Coronel Fabriciano; e outro, do sr. Pierre Rolim. Ele estava criando o que é hoje o Colégio Estadual de Coronel Fabriciano. Tive a honra de fazer parte da equipe primeira. O Colégio Estadual de Cel. Fabriciano funcionava em diferentes lugares: havia salas no terraço do então Hotel Silvânia, em cima da farmácia do Pierre e até em uma serralheria, onde é hoje o Colégio João Calvino. Posteriormente a Prefeitura desativou o antigo matadouro da cidade, que funcionava em um prédio colado à antiga rodoviária, em Melo Viana, e instalou ali o colégio. Em 1968, para evitar o fechamento do Ginásio Comercial São José, em Santana do Paraíso, Amilar pegou o registro provisório de diretor da escola, que fora criada, em 1966, pelo prof. Jéferson, de Timóteo, fundador também de colégios em Mesquita, Belo Oriente, Joanésia e Cachoeira Escura. Na época, Jéferson não conseguira atender às exigências da autorização provisória concedida pelos órgãos de ensino para o funcionamento da escola: construir o prédio e adquirir o mobiliário no prazo de dois anos. O ex-prefeito Maneca, na ocasião professor e colega meu no colégio do Pierre, foi “de mala e cuia” para Santana do Paraíso e conseguimos fazer com que a escola sobrevivesse.
CRIAÇÃO DO COLÉGIO MUNICIPAL DE IPATINGA
Nessa mesma época, mesmo sem morar em Ipatinga, Amilar participou da equipe responsável pela criação do Colégio Municipal, no período do governo do ex-prefeito Jamil Selim de Salles. Da comissão participaram também, entre outros: “o Tavares, o Petrus e o Hélio Silva”. Na frente dos trabalhos ficou o Wilson Moreira, que tinha sido vigário em Antônio Dias e estava deixando de ser padre, e a Arlete Magalhães, que foi esposa do Dr. Jaci e morava no bairro Horto. A primeira escola municipal foi instalada onde está hoje a Escola Tiradentes; funcionavam quatro salas. Em Ipatinga, havia também o Colégio Santa Mônica, no bairro Iguaçu. Foi denominado John Wesley, quando foi comprado por pastores canadenses. Amilar trabalhou na escola em razão de uma troca com o colégio de Coronel Fabriciano: este estava precisando de um professor de Biologia e aquele de um professor de Português e Literatura. Lecionou ainda no Colégio Normal, que funcionava no segundo pavimento do Colégio Estadual João XXIII, no bairro Iguaçu, e posteriormente passou a funcionar na Usipinha, onde é hoje a Unidade II do Colégio São Francisco Xavier. Em 1969, a convite do Wilson, coordenador do Colégio Municipal de Ipatinga, Amilar o substituiu na direção do Ginásio Professor Letro, em Antônio Dias, que funcionava somente à noite. Como lá era ginásio estadual, tive que deixar o Colégio Giovanini, em Coronel Fabriciano. Na época não podia acumular o cargo que era de nomeação. Continuei trabalhando durante o dia no Angélica, em Coronel Fabriciano, e no Municipal, em Ipatinga.
COLÉGIO SÃO FRANCISCO XAVIER
A Usiminas criou a Fundação São Francisco Xavier em 20 de dezembro de 1969, para administrar inicialmente o CSFX – Colégio São Francisco Xavier – e o HMC – Hospital Márcio Cunha. Em 1971, Amilar aceitou o convite de Amélia Gonzaga, a primeira diretora do Colégio São Francisco Xavier no início da gestão da Fundação, para lecionar Português na escola. Em meados de 1972, acumulou a vice-direção, quando Amélia mudou-se para Belo Horizonte, em razão da transferência do marido, Décio Carvalho, funcionário da Usiminas, para aquela cidade. Finalmente, assumiu oficialmente a direção no dia 1º de janeiro de 1973, cargo que ocupou até 2009. Em 1972, já casado, mudei-me definitivamente para Ipatinga, quando a Usiminas me arranjou um apartamento no recém-construído J-25 B, no bairro Cariru. Mesmo assim, continuei no Colégio Municipal até 1977 e só saí de lá porque não estava dando para conciliar as duas coisas.
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A HISTÓRIA DO COLÉGIO SÃO FRANCISCO XAVIER
Amilar relembra a história do Colégio São Francisco Xavier, uma das criações da Usiminas para atrair e fixar os profissionais especializados que vinham implantar a empresa. O objetivo era garantir que eles tivessem, entre outras coisas, educação de qualidade para os filhos. Na região só existia uma escola feminina: o Colégio Angélica, localizado em Coronel Fabriciano. O Colégio São Francisco foi inaugurado em 1962 com a presença do governador de Minas Gerais, José de Magalhães Pinto, a direção do BNDES e a direção da própria empresa. No mesmo dia foi inaugurada a Escola Estadual Almirante Toyoda, localizada também no bairro Cariru, em Ipatinga, que oferecia o curso regular. Nos fundos do São Francisco, na Rua Alemanha, havia um prédio que pertencia ao Almirante Toyoda, onde funcionava a “Escola Maria Rosa”, que oferecia um tipo de curso profissionalizante.
PADRES JESUÍTAS
A Usiminas entregou a direção da escola aos padres jesuítas, que tinham uma longa tradição na educação humanista, centrada em uma visão europeia, especialmente francesa. Desenvolviam um trabalho acadêmico disciplinado, rigoroso, pressupondo que a cultura permitia à pessoa maior possibilidade de ascensão social e econômica. No início, era somente o curso ginasial e mais ou menos cem alunos. Em 1965, foi criado o curso científico, na mesma época em que teve início o Hospital Márcio Cunha. Em 1969, quando os padres devolveram o colégio para a Usiminas, já estudavam aqui mais de trezentos alunos, um número muito significativo para a época, considerando que já havia sido inaugurado o Colégio Estadual João XXIII, no bairro Iguaçu. A Fundação São Francisco Xavier assumiu a administração do colégio no princípio de 1970 e se preocupou em dar continuidade ao trabalho dos padres, “para não perder a credibilidade”. Segundo Amilar, o afastamento dos jesuítas foi motivado por “problemas de envolvimento dos padres em atividades políticas e em ações sociais”, mas também foi uma consequência tardia da “fermentação provocada pelo Concílio Vaticano II, na época do papa João XXIII, que acabou provocando a saída de padres das comunidades religiosas”. Os jesuítas, que concentravam no corpo docente das escolas os próprios padres, começaram a ter dificuldade de conseguir novos professores. No caso do São Francisco, eram poucos os contratados de fora. Eu me lembro que, na época, tinha o Wilton Rodrigues, que hoje é jornalista.
REFORMA EDUCACIONAL
Em 1971, tivemos a reforma educacional do Regime Militar, que mudou o foco da educação com a institucionalização do ensino profissionalizante, que, em si, era muito bom. Infelizmente, o ensino sofreu uma significativa perda daquelas características de visão humanista, pois passou a ser orientado por uma forte visão do pragmatismo norte-americano. Foi grande a nossa luta no São Francisco, para não perder aquela formação humanista implantada pelos padres. A escola foi obrigada a implantar os cursos profissionalizantes: Técnico de Metalurgia; Técnico de Enfermagem; Secretariado; e Formação de Professores, o antigo curso Normal. Mas conseguimos conciliar a nova exigência legal com a filosofia de trabalho herdada dos padres, quando criamos, por exemplo, o curso técnico em quatro anos. No terceiro ano, o aluno recebia o diploma de auxiliar-técnico em Metalurgia ou Enfermagem, mas era preparado de acordo com uma estrutura curricular que atendia à demanda do antigo curso Científico, ideal para quem buscava a profissionalização em nível de terceiro grau. Se ele, no entanto, queria fazer de fato o curso técnico profissional, acrescentávamos mais um ano de formação técnica com aulas práticas ministradas por engenheiros, médicos e enfermeiros, cedidos principalmente pela Usiminas e pelo Hospital Márcio Cunha.
Na época do Regime Militar, a única restrição que tivemos foi na constituição dos grêmios estudantis, que estavam praticamente proibidos. Para constituir um grêmio era preciso seguir várias leis; se a escola e o diretor permitissem que fosse feita qualquer coisa além do que estava escrito, seriam responsabilizados e arcariam com as consequências.
EXPANSÃO DO CSFX
A crescente demanda do colégio exigiu uma expansão do seu espaço físico. Na época da criação dos cursos profissionalizantes, havia a igreja no colégio e atrás dela, no local onde foi a morada dos padres, a “República Mata Virgem”, onde moravam engenheiros. Havia também, ao lado da Rua Alemanha, a Escola Complementar Maria Rosa, fechada na década de 1970. A Usiminas, dirigida então por João Geraldo Evangelista, entregou primeiramente ao colégio o espaço da república e depois a área da Maria Rosa. Interessante esta última decisão, pois a empresa estava investindo em um projeto de construção de moradias nas proximidades do colégio. Nesta fase, o colégio constituiu o perfil com a cara que ele tem. Mais tarde, por questões de decisões de políticas internas da própria Fundação, chegamos à conclusão que não valia a pena fazer o colégio crescer mais. Recusamos então propostas para abrirmos escolas em Coronel Fabriciano e Acesita e deixamos que a comunidade, através de outras iniciativas, assumisse os espaços. Por outro lado, lutamos para trazer cursos superiores para a cidade.
Desde a época dos padres, o colégio preocupou-se com a qualidade do trabalho. Na década de 1980, esta questão da qualidade passou a ser tratada de maneira mais formal. Estavam surgindo aqueles movimentos de implantação do sistema de qualidade nas empresas, de acordo com o modelo japonês: o CCQ – Círculo de Controle da Qualidade. A Fundação Cristiano Otoni assessorou a Usiminas, Mannesman, Belgo-Mineira e outras empresas em São Paulo, para a implantação desse sistema de qualidade. Em 1991, após assistir juntamente com vários educadores a uma palestra do professor Falcone, presidente da Fundação Cristiano Otoni, considerado o “papa da qualidade”, Amilar entendeu que era possível implantar esse trabalho nos estabelecimentos de ensino.
Assim, o colégio e posteriormente toda a Fundação São Francisco Xavier envolveu-se em um processo de criação de um programa de aperfeiçoamento da qualidade, consolidado em 1995. O Colégio São Francisco Xavier tornou-se então a primeira escola de ensino regular, no Brasil e na América Latina, a receber a Certificação ISO 9001, “conforme informações das empresas certificadoras”.
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Fonte: Ipatinga Cidade Jardim
VÍDEO: Jornalista Alex Ferreira, do programa "Cultura Entrevista" (TV Cultura do Vale do Aco), entrevista o professor, diretor, advogado e pioneiro da educação do Vale do Aço JOSÉ AMILAR SILVEIRA
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