A ESPOSA "BIZUCA"
Dona Bizuca é filha de Pedro Soares de Oliveira e Ana de Oliveira. Seu pai foi proprietário da Fazenda Barra Grande. Após a morte da mulher, vendeu-a para Selim José de Salles, que a denominou Fazenda Bethânia.
Já casada, Bizuca foi morar em Barra Alegre e em 1957 mudou-se para o centro de Ipatinga após ter-se formado como professora. O apelido “Bizuca” foi colocado por um amigo de meu pai, que gostava muito da gente. Ele tinha uma tia com este apelido e, por brincadeira, começou a me chamar de Bizuca. O nome pegou.
Dona Bizuca escreveu a letra do “Hino de Ipatinga” para a solenidade de posse do interventor Délio Baeta, que assumiu a administração de Ipatinga logo após a sua emancipação. A música foi composta por Ana Letro. As escolas fizeram a entrega da chave para o Délio Baeta no Cine Ipanema. Eles pediram e a gente compôs um hino para a ocasião. Primeiro, compus um poema, para ser apresentado na festa. Mostrei-o a Ana Letro, uma professora aposentada de Acesita, que era ótima pianista, durante uma visita. Ela viera de Itabira e seu pai, sr. Chico, de Antônio Dias, era de uma família de músicos. Voltei à casa dela umas duas ou três vezes e o hino ficou pronto. Quando o Arcanjo foi vereador, nós fizemos todo o processo para oficializar o hino, mas ele não foi publicado. O hino foi finalmente oficializado pela Câmara Municpla de Ipatinga no dia 14 de janeiro de 2013.
Dona Bizuca é aposentada e vive entre as cidades de Belo Horizonte e Ipatinga.
O PAI "JOSÉ ANATÓLIO BARBOSA"
José Anatólio Barbosa, filho de Ivo Gomes de Oliveira e Caetana América de Menezes, nasceu no dia 3 de julho de 1899, em Santa Maria de Itabira. Aos doze anos de idade foi para Belo Horizonte, onde trabalhou alguns anos. Juiz de paz em Santana do Paraíso e jurado por cinco anos, viajava a cavalo sempre que sua presença era solicitada.
Foi membro da primeira Câmara de Mesquita, após trabalhar pela emancipação daquela cidade. Em 1920, mudou-se para Água Limpa, onde adquiriu a “Fazenda Esperança” e atuou como comerciante por vários anos. Juntamente com Selim José de , levava mantimentos em tropas de burros para vender em Ouro Preto e, lá, vendiam até a tropa, para voltar mais depressa. Na “Fazenda Esperança”, José Anatólio também fabricava cachaça, a “Flor do Vale”, mas o alambique e todo o material de fabricação foram levados na enchente de 1979.
Na década de 1950, comprou o que seria o primeiro carro do povoado, um “Jeep 51”. Como as condições do local eram precárias, o “jeep” teve que vir de trem, de Belo Horizonte até a antiga Estação de Nossa Senhora, no bairro do Horto. Seguiu então para Barra Alegre. Empregados da fazenda iam à frente, fazendo caminho na enxada, e ele ia atrás dirigindo o “jeep”. Paralelamente às suas atividades comerciais, atuou no campo político. Participou do processo de emancipação de Coronel Fabriciano, que pertencia a Antônio Dias, tendo sido vereador duas vezes naquele município.
Trabalhou para o povoado de Água Limpa alcançar a condição de distrito. Integrou, posteriormente, as forças comunitárias que lutaram pela emancipação de Ipatinga e, a seguir, pela criação da comarca. Foi também o fundador do diretório da “Arena”, um dos partidos políticos criados após a Revolução de 1964, ou seja, o “golpe militar”. Sob a sua presidência, aquela agremiação conquistou a vitória em dois pleitos, elegendo os prefeitos Jamil Selim de Salles e Darcy de Souza Lima.
José Anatólio Barbosa morreu no dia 4 de agosto de 1979, aos oitenta anos de idade.
A MÃE "LUCINDA FERNANDES MADEIRA"
Lucinda Fernandes Madeira nasceu em Córrego da Lage, perto de Santa Maria de Itabira. Sua família veio morar em Santana do Paraíso e foi lá que Lucinda se casou com José Anatólio Barbosa. Vieram morar em Barra Alegre, onde o casal teve treze filhos.
Lucinda Fernandes Madeira morreu em 22 de dezembro de 1947 de câncer no útero. Após a sua morte, alguns políticos quiseram colocar seu nome na localidade de “Água Limpa”, mas o marido, José Anatólio, não permitiu. Água Limpa passou então a se chamar “Barra Alegre” e posteriormente o nome de Lucinda foi colocado na escola do bairro Vila Formosa.
A IRMÃ "ZULMIRA OLIVEIRA BARBOSA"
Nasceu no dia 17 de maio de 1925, em Água Limpa, hoje Barra Alegre, Ipatinga, MG. "Antigamente, aqui, no Barra Alegre, só existia a Fazenda Esperança, que era de meu pai. Todo mundo que vinha aqui ficava hospedado em nossa fazenda, até o pessoal do governo que vinha dedetizar (expurgar) a região. Papai dava hospedagem e comida para todo mundo.
Além da fazenda, papai tinha um armazém de secos e molhados aqui, no Barra Alegre, e vendia mantimentos e tudo mais para os moradores do Ipaneminha, Tribuna e toda a região.
A família, os estudos e o “sacrifício”
Meu pai era de Santa Maria de Itabira e veio para o Barra Alegre em 1922; minha mãe era de Córrego da Lage, perto de Santa Maria. Depois, a família de minha mãe mudou-se para Santana do Paraíso e foi onde ela se casou com meu pai. Tiveram treze filhos. Dois morreram com três anos de idade e o Anatólio Barbosa, marido da Dona Bizuca, morreu em um acidente automobilístico. Minha mãe morreu de câncer no útero em 1947, com quarenta e quatro anos.
Comecei a estudar nas Escolas Reunidas, aqui no Barra Alegre. A escola era um salão de pau-a-pique. Meu pai dava apoio às professoras. Ele trouxe uma prima dele, a Tereza Leopoldina dos Anjos, a tia Lelê, que ficou morando em nossa casa e dando aulas para nós. Eu e minha irmã, Zélia, fizemos até o terceiro ano com ela. Depois, ela ficou gostando do meu tio Chico e o papai fez o casamento deles.
Posteriormente, para continuarmos os estudos, meu pai pôs uma casa em Itabira para minha avó, Caetana América de Menezes, morar conosco e outras moças do Melo Viana, bairro de Cel. Fabriciano. Os mantimentos eram levados do Barra Alegre para lá, no lombo de burros, passando pela Serra dos Cocais. E assim fizemos o quarto ano no Grupo Escolar Coronel José Batista.
Minha irmã Zélia foi internada no Colégio Nossa Senhora das Dores, onde se formou com dezenove anos. E eu, contra a minha vontade, no dia 8 de dezembro daquele ano, quando terminaram as aulas, tive que parar de estudar. Meu pai me pediu para que voltasse para casa para ajudá-lo a cuidar de minha mãe, que estava doente. Fomos então para Belo Horizonte. Passei lá o Natal. Meu pai hospedou-se em um hotel e eu fiquei com minha mãe no Hospital São Francisco, no bairro Renascença.
Após dois anos na cama, ela morreu. A partir daí, fiquei em casa ajudando meu pai a criar os meus irmãos. Antes de meu pai morrer, dividiu as terras entre os filhos. Fiquei com a sede da fazenda, onde moro até hoje.
As festas de maio e os leilões no Barra Alegre
Ipatinga ainda não existia. Todo o pessoal do Taúbas, Ipaneminha, Forquilha e da Tribuna vinha para o Barra Alegre. Aqui, rezavam e participavam das festas de maio, que nós organizávamos para angariar fundos para a reforma da igreja. Fazíamos os leilões: as moças preparavam as prendas e os namorados eram obrigados a arrematá-las.
ÁGUA LIMPA "BARRA ALEGRE"
Água Limpa (atual distrito de Barra Alegre) originou-se de cinquenta alqueires de terra que o arcebispo de Mariana doou a Nossa Senhora da Imaculada Conceição, para que fossem cedidas por meio de posse.
No ano de 1920, havia no local umas vinte casas, uma escola e uma igreja. O único acesso era por uma estradinha (trilho) que vinha de Mesquita e passava pelo povoado, indo para Santo Antônio (São Geraldo) e Melo Viana. O lugarejo pertenceu aos municípios de Itabira, Ferros, Antônio Dias e Coronel Fabriciano. Tornou-se distrito de Coronel Fabriciano no dia 25 de maio de 1950, quando ainda pertencia à Comarca de Antônio Dias.
Em 1964, com a emancipação do distrito de Ipatinga, Barra Alegre foi incorporado ao novo município, na qualidade de distrito. O distrito é composto pelos bairros Cidade Nobre, Vila Celeste, Esperança, Vila Formosa, Limoeiro, Chácaras Madalena, parte do Bom Jardim, Canaã e a zona rural de Ipatinga, sendo Barra Alegre sede do distrito.
O distrito de Barra Alegre limita-se com o município de Ipatinga pelo córrego Bom Jardim e córrego Taúbas. A economia era baseada totalmente na agricultura e pecuária. Havia um engenho de açúcar e um alambique pertencente à família de dona Caetana, administrados pelo senhor José Anatólio Barbosa e filhos. O alambique foi levado pela enchente de 1979.
Barra Alegre era um distrito atuante e rico em manifestações culturais, religiosas e políticas, que se realizavam com muito entusiasmo e participação de todas as cidades vizinhas. Bailes e festas tradicionais animavam a sede do distrito "Barra Alegre", tornando o lugar
Fonte: Ipatinga Cidade Jardim - (José Augusto Moraes)
VÍDEO: Cultura no Ar- Barra Alegre
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