Jair Gonçalves, natural de São Pedro dos Ferros – MG, chegou à região por volta de 1930. Inicialmente, trabalhou na construção da estrada de ferro. Com o final das obras e a inauguração da Estação de Pedra Mole, ele passou a trabalhar para as empreiteiras da Belgo-Mineira. Desde então a sua vida esteve ligada ao desenvolvimento político, social e econômico de Ipatinga.

O PIONEIRO E UM DOS CONSTRUTORES DE IPATINGA

IPATINGA - Nasceu em 2 de novembro de 1907 na cidade de São Pedro dos Ferros - MG. Jair Gonçalves era filho de Generoso Gonçalves Couto e Senhorinha Rodrigues Couto. Casou-se com Altina Olívia Gonçalves e teve somente um filho: Sílvio Gonçalves, que lhe deu sete netos.

Altina Olívia Gonçalves, esposa do pioneiro Jair Gonçalves, nasceu no dia 1º de outubro de 1916. Participou durante vinte anos de várias obras sociais, principalmente da igreja do bairro Iguaçu.

Jair Gonçalves chegou à região por volta de 1930. Inicialmente, trabalhou na construção da estrada de ferro. Com o final das obras e a inauguração da Estação de Pedra Mole, ele passou a trabalhar para as empreiteiras da Belgo-Mineira. Desde então a sua vida esteve ligada ao desenvolvimento político, social e econômico de Ipatinga.

Mais tarde, Jair Gonçalves dedicou-se ao setor agropecuário, transformando-se em fazendeiro e empresário de sucesso.

A INFLUÊNCIA DA "ESTAÇÃO VITÓRIA A MINAS" NOS PRIMÓRDIOS DA REGIÃO

O empresário Jair Gonçalves, um dos mais respeitados pioneiros ipatinguenses, contava que o desenvolvimento do lugar nasceu com a Vitória a Minas, recordando-se da instalação da estação da Rua Belo Horizonte, que teve como primeiro agente Manoel Gomes, “destemido capixaba, possuído do ânimo de cumprir o dever nesta inóspita região àquela época”.

Jair narrava que, com a influência da estrada Vitória a Minas e o seu progresso, o comércio passou a atrair grande número de interessados no trabalho mais próximo do leito ferroviário, em razão da facilidade do escoamento da produção obtida nestas paragens. Os habitantes das povoações vizinhas, tais como Joanésia, Mesquita, Paraíso, passaram o trânsito para Ipatinga em suas viagens a São José da Lagoa (Nova Era), Santa Bárbara e Belo Horizonte, entre outras.

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PRIMEIRA MISSA

A celebração da primeira missa foi relembrada por Jair Gonçalves: Em data memorável, de passagem por esta região, o padre Abelardo, vigário de Joanésia, devido ao atraso do trem que o conduziria ao destino e atendendo solicitação da esposa do agente Manoel Gomes, celebrou na plataforma da estação a primeira missa. Assistiram-na os garimpeiros e demais trabalhadores residentes na antiga Ipatinga.

CRIAÇÃO DE COMÉRCIO E FORMAÇÃO DA FAZENDA

Segundo Jair Gonçalves, José Fabrício Gomes criou um comércio de secos e molhados em uma posse de aberturas de matas, “a fim de maiores lucros e com o objetivo de bem servir aos garimpeiros e tiradores de lenha”. Acabou conquistando a preferência daqueles que faziam suas compras em Água Limpa (Barra Alegre) e Taguaraçu (atual Paraíso).

Todavia, o “impaludismo” – a febre que imperava – e a falta de recursos médicos afugentaram o povo e José Fabrício acabou vendendo a posse para Alberto Giovannini, retornando a Água Limpa, de onde viera. No local formou-se então uma fazenda com plantações de milho, arroz e feijão, e também criação de gado e porcos. “Os produtos eram vendidos em São José da Lagoa (Nova Era) e Antônio Dias e para os garimpeiros da Estrada de Ferro Vitória a Minas”.

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FOTO HISTÓRICA: Da esquerda para a direita: Altina Olívia Gonçalves, João Patrício Araújo, Dolores Maria de Araújo e Jair Gonçalves. (Foto: álbum de família)

POSSES COMPRADAS PELA BELGA-MINEIRA

A Cia. Belgo-Mineira, em 1934, de acordo com informações de Jair Gonçalves, teria comprado as posses de Alberto Giovannini, José Cândido de Meira (Zé Vivi), José Cornélio, Alfredo Feitosa e de outros, para a extração de carvão vegetal que abasteceria os altos-fornos da usina em Monlevade.

A compra foi efetivada após a exploração da região por uma comissão, da qual faziam parte o diretor da Belgo-Mineira, Dr. Barbosan, e o Dr. Louis Ensch. Deram início ao serviço arregimentando pessoal com certa prática no trabalho, vindo de várias localidades, tais como Mariana e Sabará.

A LUTA POLÍTICA PELA EDUCAÇÃO E PELA CRIAÇÃO DO DISTRITO

Em 1944, a Belgo-Mineira criou uma escola para alfabetização que beneficiou um grande número de crianças de carvoeiros. Contrataram o professor José Raimundo, que havia sido trazido como professor particular para Água Limpa anos atrás. Este se manteve no cargo até 1948, quando foi substituído por Dona Maria Antonieta da Silveira.

A escola tinha caráter particular e, através de um abaixo-assinado popular encabeçado por Jair Gonçalves em 1950, quando era vereador em Coronel Fabriciano, foi elevada à categoria municipal, por decisão do então prefeito Rubem Siqueira Maia.

Jair Gonçalves disse que, na época, também organizou uma comissão com o propósito de transformar Ipatinga em distrito. A comissão era constituída por Manoel Ribeiro Drumond, Manoel Valadares e Sebastião Barbosa. O distrito foi criado, instalado a 16 de junho de 1954.

Vereador de Coronel Fabriciano, pelo distrito de Ipatinga, no período de 1952 a 1956, além de trabalhar para a melhoria da educação oferecida na época, apoiou a luta pela emancipação do distrito de Ipatinga. Atuou ainda como chefe político da região, sendo presidente dos partidos PSD (Partido Social Democrático) e PTB (Partido Trabalhista Brasileiro) e candidato a prefeito por duas vezes.

A LUTA PELA EMANCIPAÇÃO DE IPATINGA

Segundo Jair Gonçalves, a luta pela emancipação teria começado em 1961, quando “o então vereador Raimundo Anício Alves criou e encabeçou uma comissão encarregada de emancipar o distrito de Ipatinga”, da qual participaram também: “João Cláudio Teixeira de Sales, Guilherme Barcelos, José Anatólio Barbosa e outros”.

A documentação, transformada em anteprojeto de lei, tramitou pela Assembleia Legislativa, tendo como padrinho o deputado Simão da Cunha, mas foi vetada pelo governador Magalhães Pinto. Decorrido o tempo necessário para revisão administrativa, foi novamente levantada a ideia por Raimundo, que convocou novos companheiros, tais como: José Carvalho, Elias Corrêa, João Lamego Netto, Walter Salles, João Batista Gonçalves e outros. A comissão era liderada pelo deputado Geraldo Quintão e, já na última hora, conseguiu dar entrada de novo com requerimento solicitando a emancipação, isto em 1963.

Jair Gonçalves lembrou que o trabalho dessa comissão foi prejudicado pelo prefeito de Coronel Fabriciano, “que obrigou o povo de Ipatinga a desenvolver uma acirrada luta junto ao governador do Estado, a fim de que não fosse frustrado o nosso anseio de liberdade. Nessa luta, notabilizaram-se os nomes do padre Avelino Marques, José Orozimbo e João Lamego Netto, como também outros”.

O governador Magalhães Pinto, atendendo à solicitação de seus coestaduanos, determinou ao DAMS, através de um despacho, que procedesse aos levantamentos necessários, o que foi feito pelo Dr. José Carlos, engenheiro daquele órgão do Estado, acompanhado de um professor, os quais, depois de percorrerem toda a região, fizeram detalhado relatório mostrando as condições de independência do antigo distrito.

Dias após, os jornais do Estado anunciavam a criação dos novos municípios. Entre eles estava o de Ipatinga. Conforme Jair Gonçalves, “a instalação da cidade foi feita com a presença do deputado Geraldo Quintão, representante do governador, tendo a ata sido escrita e lida pelo professor José Pimenta e ditada pelo então Juiz de Paz, em exercício no cargo de Juiz de Direito, sr. Joaquim de Ávila Neto”.

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O bairro Cidade Nobre é o resultado de um loteamento feito em uma parte da “Fazenda Prato Raso”, de propriedade de Jair Gonçalves. O bairro foi criado em 1973. O nome Cidade Nobre foi dado pelo loteador, Pedro Linhares, por ser um local nobre e circulado pelos principais bairros da cidade.

A BUSCA DE MELHORIAS PARA A VIDA DA COMUNIDADE DE IPATINGA

Com a chegada da Usiminas, Jair loteou parte de suas terras, criando o bairro Iguaçu e posteriormente o bairro Cidade Nobre. O Iguaçu foi entregue ao município com toda a infraestrutura necessária, inclusive sistema de abastecimento de água, que foi construído por ele.

A sua participação junto à comunidade se fez ainda mais presente na busca de melhorias e serviços para a cidade, entre eles, a instalação dos Correios, companhia telefônica, fundação da Associação Comercial, implantação da Câmara Municipal.

Sua postura filantrópica o levou a encabeçar todas as listas beneficentes da cidade por meio da doação de terrenos e obras sociais, entre as quais se destacam:

• Doação de terrenos para a construção do Colégio Estadual João XXIII, Grupo Escolar Municipal Maria Rodrigues Barnabé, Colégio Estadual Polivalente e Escola Municipal Altina Olívia Gonçalves;

• Construção e doação da Escola Infantil Reino Encantado;

• Doação de áreas para a construção da Igreja-Matriz Cristo Rei no Centro de Ipatinga, Igreja Nossa Senhora da Aparecida no bairro do Iguaçu, Igreja Imaculada Conceição no bairro do Caçula;

• Doação de área para a construção do C3 (Centro Comunitário Cristão) e de um lote à Congregação de Padres no bairro do Iguaçu, para construção de uma casa paroquial;

• Doação de uma área para a construção do GAMI (Ginásio de Assistência ao Menor de Ipatinga);

• Doação de terreno para construção do Lar dos Velhos Paulo de Tarso e
do Abrigo de Velhos e Albergue da Sociedade São Vicente de Paulo;

• Lote para construção da sede dos Lions Clubes de Ipatinga.

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COMPANHIA TELEFÔNICA DE IPATINGA

A única forma de comunicação via telefone em Ipatinga era no posto telefônico da Usiminas, localizado no local onde é hoje a sede dos Correios do bairro Horto. Foi formada então uma comissão provisória para implantar a Companhia Telefônica de Ipatinga e colocar telefones no Centro da cidade. O presidente da comissão era Jair Gonçalves, um homem considerado por Walter Salles “uma espécie de manto que cobria todos nós não só pela moral, mas também pela maneira carinhosa que ele tinha com Ipatinga e a sensibilidade com que conduzia a coisa”. José Carvalho era o tesoureiro e Walter Salles superintendente.

Fundada a Companhia Telefônica de Ipatinga, ninguém tinha remuneração e nem despesas pagas para ir a Belo Horizonte correr atrás das companhias telefônicas. Procuramos três companhias em Belo Horizonte. As três concessionárias vieram a Ipatinga, fizeram levantamentos e enviaram propostas. Ganhou a Ericsson do Brasil. Conforme contrato com a Ericsson, tínhamos que vender no mínimo 125 linhas, para que fosse viável a implantação. Passamos então a vender as linhas. Conseguimos vender cento e vinte, faltavam cinco e não tinha mais ninguém na cidade que queria comprar. O pessoal da empresa começou a nos pressionar. Diante disso, fiz uma divisão entre os três componentes da diretoria: Jair Gonçalves, "que era o mais rico", ficaria com mais duas; o Zé Carvalho também com duas; e eu, que era o mais pobre, fiquei com mais uma. Assim, completamos a cota mínima exigida pela empresa. Faltava então um lugar para instalar a central. Eu sabia que o terreno onde fica hoje a Telemig, na Rua Belo Horizonte, era do município. Propus ao Jair Gonçalves e ao Zé Carvalho que nós invadíssemos o terreno e construíssemos ali a central. O Jair Gonçalves a princípio ficou receoso, e me disse: “Isso é com você”.

E assim, segundo Walter, a sede da Companhia Telefônica de Ipatinga foi construída no terreno invadido na Rua Belo Horizonte. A comissão foi para Belo Horizonte e fechou o negócio com a Ericsson, que instalou os telefones no Centro da cidade. Na época, os telefones tinham três números. “O meu telefone era 123, o mesmo número da placa do meu carro e da minha casa”.

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HOMENAGENS

Pelos serviços prestados à cidade de Ipatinga, Jair Gonçalves recebeu vários títulos e homenagens, entre eles:

• Cidadão Honorário de Ipatinga, em 20 de janeiro de 1973;

• Empresário-destaque, pela Federação das Associações Comerciais do Estado de Minas Gerais, em 15 de julho de 1977;

• Título de Emancipador de Ipatinga, pela Associação Organizadora do décimo aniversário de Ipatinga, em 28 de abril de 1974;

• Empresário Pioneiro-destaque, em 31 de dezembro de 1980;

• Título de Pioneiro de Ipatinga na gestão do prefeito Darcy de Souza Lima;

• Título de Sócio Benemérito, pela Associação Internacional de Lions Clubes, em 28 de outubro de 1980;

• Honra ao Mérito pelo Grêmio dos Pequenos Judocas da Associação Esportiva e Recreativa Usipa.

Jair Gonçalves faleceu no dia 30 de julho de 1985 e foi enterrado no Cemitério da Paz, em Ipatinga.

BAIRRO IGUAÇU

O bairro Iguaçu começou a ser construído há mais de trinta anos. As terras pertenciam à “Fazenda Prato Raso”, do pioneiro Jair Gonçalves. Para atender à demanda exigida pelo progresso da cidade, ele preparou toda a infraestrutura inicial dos lotes, que foram colocados à venda. Jair Gonçalves também doou parte das terras para a comunidade de Ipatinga, destinadas à construção de escolas, asilos, igrejas e campo de futebol. Das terras da “Fazenda Prato Raso surgiram então os bairros Iguaçu – o primeiro loteamento – e Cidade Nobre, que possuem as partes mais valorizadas do território de Ipatinga.

As ruas do bairro receberam nomes de pedras preciosas e de tribos indígenas, de acordo com o Decreto Municipal Nº 528, de 22 de março de 1974.

O bairro Iguaçu tem como ponto inicial e final o encontro do Córrego Bom Jardim com o Ribeirão Ipanema. Sobe pelo Córrego Bom Jardim em direção ao bairro Bom Jardim até o encontro do eixo do divisor de vertentes do morro que separa os bairros Ideal e Iguaçu; sobe por este divisor de vertentes e prossegue pelo seu espigão em direção à BR-381, passando pelo ponto P 47 (60990; 25200), contornando a Subestação “D” da Cemig, até o encontro da faixa da BR-381; subindo pela BR-381, em direção a Governador Valadares, até o encontro do eixo da Av. João Valentim Pascoal; segue deste ponto pelos fundos dos lotes à direita (no sentido adotado) da Rua Brilhante até o eixo da Rua Turmalina e até o eixo da Rua Águas Marinhas; segue pela Rua Águas Marinhas até o eixo da Rua Topázio; desce pelo eixo da Rua Topázio até os fundos dos lotes, à direita da Rua Pedras Preciosas, segue pelos fundos destes lotes até o eixo da Av. Minas Gerais; segue pelo eixo desta avenida até o Ribeirão Ipanema; sobe pela margem direita do Ribeirão Ipanema até o encontro com o Córrego Bom Jardim, ponto de partida.


Fonte: Ipatinga Cidade Jardim