A influência da família na cultura da cidade não parou em Tufik; uma geração de estudantes foi formada pelas filhas professoras.

A TRAJETÓRIA DO LIBANÊS QUE FEZ HISTÓRIA EM IPATINGA

Tufik Trad Láuar chegou a Ipatinga em 1958, acompanhado dos filhos Seleme e Charif, para atuar como mascate (caixeiro-viajante). Em 1963, quando retornou a Poté, trouxe para Ipatinga a mulher e os demais filhos. Abriu a loja "Magazine Monte Líbano" na antiga rua do Comércio e, posteriormente, fundou a "Casa Belga".

São quatorze filhos, no total: Kemel; Charif; Seleme; Chauquet; Nagib; Romel; Neru; Marcony; Marcelo; Naget; Sálua; Vera; Nely; e Samira.

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A RESIDÊNCIA DE TUFIK - PONTO DE CULTURA E CULINÁRIA

Homem culto, era uma referência intelectual. Sua casa era frequentada por artistas, estudantes e amigos que se fartavam com longas e agradáveis conversas sobre os mais variados temas e com a comida libanesa preparada com a carne de carneiro ou coalhada de leite das cabras que criava soltas pelas ruas da prosaica Ipatinga de então.

Tufik Trad Láuar chegou a Ipatinga em 1958 e em 1963 abriu a loja "Magazine Monte Líbano" na antiga rua do Comércio e, posteriormente, fundou a "Casa Belga".

INFLUÊNCIA DA FAMÍLIA LÁUAR NA CULTURA LOCAL

A influência da família na cultura da cidade não parou em Tufik; uma geração de estudantes foi formada pelas filhas professoras. Muitos jovens foram influenciados pela música de Nagib e sua guitarra. Nagib foi um dos integrantes do conjunto Pierre 5, que marcou época no período mais efervescente da música da década de 1970.

Muitos jovens também aprenderam a arte da música com o filho, Chauquet Láuar.

O casamento de Vera TUFIK e José Carlos XAVIER “Claré” selou a união de duas famílias tradicionais de Ipatinga.

ESTUDIOSO E INTELECTUAL

"Tufik tinha uma educação esmerada e era dotado de uma cultura geral invejável. Era mascate de berço e profissão. Gostava de um jogo de baralho e tinha sua rodinha selecionada para jogar. Saía com suas trouxas e suas muambas, vendia de porta em porta e, de vez em quando, talvez para matar saudades do Oriente, estendia uma toalha no chão e colocava sobre ela as mercadorias para o freguês comprar. Era muito correto nos negócios, com a família e no trato com os amigos.

Era uma pessoa estudiosa da geografia. Conhecia como ninguém os problemas das guerras do Oriente e andava sempre atualizado. Tinha um rádio muito potente e passava boa parte da noite ouvindo as notícias e comentários. Sempre que eu desejava conhecer bem de perto os problemas do conflito, o procurava. Ele era minha biblioteca ambulante, sabia tudo e bem", escreveu José Edélcio Drumond Alves.

Sr. Tufik, a filha caçula Samira e a esposa Dona Jamel.

UM PERFIL DO "SÔ TUFIK" NO BOLETIM ROTARY

Em março de 1997, o advogado e pioneiro de Ipatinga José Edélcio Drumond Alves publicou:

Era um homem do Oriente, que aqui se aportou vindo da região de Teófilo Otoni, trazendo uma família de muitos filhos e talvez tenha aqui chegado motivado pela vinda da Usiminas.
Era do Líbano, chamava de patrício só quem de fato era patrício. Tinha uma educação esmerada e era dotado de uma cultura geral invejável.

Era mascate de berço e profissão. Gostava de um jogo de baralho e tinha sua rodinha selecionada para jogar. Saía com suas trouxas e suas muambas, vendia de porta em porta e, de vez em quando, talvez para matar saudades do Oriente, estendia uma toalha no chão e colocava sobre ela as mercadorias para o freguês comprar. Era muito correto nos negócios, com a família e no trato com os amigos.

Era uma pessoa estudiosa da Geografia. Conhecia como ninguém os problemas das guerras do Oriente e andava sempre atualizado. Tinha um rádio muito potente e passava boa parte da noite ouvindo as notícias e comentários. Sempre que eu desejava conhecer bem de perto os problemas do conflito eu o procurava. Ele era minha biblioteca ambulante, sabia tudo e bem.

A ACUSAÇÃO DE "COMUNISTA"

Uma vez “Sô Selim” me falou que o tenente Xavier ficara sabendo que o Tufik escutava rádio da Rússia e que era comunista. Eu procurei o Xavier e disse para ele: “Se o senhor quer conhecer da guerra no Oriente procura Tufik que sabe tudo e não é nem comunista e muito menos terrorista”. E levei o Tufik para conversar com ele. Ele ficou, como eu, admirado de tanta cultura num homem simples e humilde.


Fonte: Coluna “IPATINGA Cidade Jardim - 50 ANOS” – Diário do Aço – 25 de agosto de 2013