FOTÓGRAFO DAS ÚNICAS IMAGENS DO "MASSACRE DE IPATINGA"
IPATINGA - Nasceu em São Domingos do Prata - MG, no dia 8 de julho de 1931. Filho de Joaquim Isabel do Nascimento e Maria Claudina de Jesus, casou-se Geralda Aguiar do Nascimento, com quem teve cinco filhos. José Isabel era fotógrafo amador e funcionário da empresa Fichet, empreiteira da Usiminas.
Segundo a família, José Isabel saiu de casa, no centro de Coronel Fabriciano, para mais um dia de trabalho na área de montagem e construção. Ficou junto aos operários grevistas no piquete organizado em frente à portaria principal de acesso à usina. Como trazia a máquina fotográfica, José passou a registrar a movimentação em frente à fábrica. Fotografou um soldado com uma metralhadora de tripé, momentos antes do inicio do tiroteio. Na verdade, José teve tempo de bater um filme inteiro, tirá-lo da máquina e colocar outro. Quando ia bater a primeira foto do novo filme, foi atingido por disparo de fuzil e caiu.
VEJA mais sobre o "MASSACRE DE IPATINGA"
RELATO E NÚMERO DE MORTOS POLÊMICO
"Na manhã de 7 de outubro de 1963, cerca de sete mil operários da Usiminas e de empreiteiras que trabalhavam na construção da siderúrgica concentraram-se defronte aos portões de entrada da usina em protesto contra os maus-tratos que vinham sofrendo por parte da polícia militar e de vigilantes da empresa. Em posição de ataque estavam 19 policiais armados de fuzis, revólveres e de uma metralhadora montada na carroceria de um caminhão. O que se seguiu ficou imortalizado como o "Massacre de Ipatinga". Oficialmente, sete pessoas morreram, número que ainda hoje causa polêmica e nunca foi esclarecido.
VEJA mais sobre a "ÂNGELA ELIANA MARTINS". Eliana Martins tinha três meses de idade, foi assassinada na manhã de 7 de outubro de 1963, quando estava nos braços da mãe Antonieta, a um quilômetro do portão de entrada da Usiminas.
TIRO FATAL
Na lista de mortos está o mestre de montagem de estruturas metálicas da Fichet, José Isabel Nascimento, fotógrafo amador que registrou várias fases da construção da Usiminas e naquele fatídico dia portava duas máquinas fotógraficas, uma delas a alemã Rolleicord, com a qual fotografou o início da movimentação, uma metralhadora instalada num tripé e um soldado com um fuzil em cima de um caminhão antes do início do tiroteio. Na verdade, José Isabel do Nascimento teve tempo de bater um filme inteiro, tirá-lo da máquina e quando ia fazer a primeira foto do novo filme foi atingido na parte superior do abdômen por um tiro de fuzil, próximo onde é hoje o Shopping do Vale.
O FILHO, ROSSI DO NASCIMENTO
Segundo o advogado Rossi do Nascimento, um dos cinco filhos de José Nascimento, e que na época do episódio tinha apenas cinco anos de idade, não foi uma bala perdida que matou seu pai e, inclusive, o fato foi testemunhado. Após o disparo, o fotógrafo amador, que certamente foi atingido por sua ousadia em registrar as cenas do massacre, colocou o filme no bolso ao ser levado para o extinto Hospital Santa Terezinha, que ficava no Centro de Ipatinga. José Isabel foi submetido a duas cirurgias, mas morreu dez dias depois, dia 17 de outubro de 1963, aos 32 anos de idade. O legista José Ávila diagnosticou “abscesso subepático devido a projétil de arma de fogo”. Mas suas inéditas fotos do violento episódio rodaram o mundo e foram publicadas nas revistas "O Cruzeiro" e "Fatos & Fotos", duas das maiores publicações nacionais na época".
VÍDEO:. Rossi do Nascimento era filho do operário e fotógrafo José Isabel do Nascimento, morto no massacre em 1963. É de José Isabel a foto utilizada por diversas publicações que mostra um policial com uma metralhadora em cima de um caminhão e outras mais. José Isabel sobreviveu aos ferimentos por 10 dias, mas subitamente faleceu. Um amigo de seu pai acredita em queima de arquivo.
Rossi do Nascimento era filho do operário e fotógrafo José Isabel do Nascimento, morto no massacre em 1963. É de José...
Posted by Eu Amo Ipatinga on Terça, 7 de julho de 2015
TESTEMUNHOS
A Comissão Nacional da Verdade, em parceria com o Fórum Memória e Verdade do Vale do Aço e com a participação da Comissão Estadual da Verdade de Minas Gerais, realizou audiência pública sobre os 50 anos do "Massacre de Ipatinga", dia 7 de outubro de 2013 no salão do Tribunal do Júri, no Fórum de Ipatinga.
Veja os testemunhos:
VÍDEO: Massacre de Ipatinga completa 50 anos
VÍDEO: CLAY VILLIAN. Clay Villian era dono do caminhão Opel que transportou tropas da PM para o portão da empresa. Foi de cima do caminhão dele que os policiais atiraram contra os trabalhadores. O caminhão era contratado pela siderúrgica exclusivamente para o transporte de tropas. O caminhão foi destruído pelos trabalhadores.
VÍDEO: HÉLIO MATEUS FERREIRA. Hélio sobreviveu ao massacre e tem até hoje alojada no corpo a bala que o atingiu há 50 anos. O tiro só não o matou pois foi amortecido pela carteira que ele levava no bolso, a qual guarda com todo o carinho.
VÍDEO: JOSÉ DEUSDETH CHAVES. José Deusdeth era líder sindical nos anos após o massacre, afirma que a origem do evento foi "a repressão da Usiminas em cima de todos os trabalhadore. O corpo de vigilantes, todo paramilitar, que prendia trabalhadores lá dentro, torturava e mandava para a polícia, onde eram torturados outra vez", relatou.
VÍDEO: ADIL ALBANO. Adil Albano foi sindicalista nos anos 60. "Minha mãe estava comigo no colo e correu, meu pai se escondeu numa manilha, mas nem todos os amigos dele tiveram a mesma sorte", afirmou.
VÍDEO: FRANCISCO FONSECA. Francisco afirmou ter sido perseguido após tentar assumir a direção do Sindicato dos trabalhadores da Siderúrgica. Ele testemunhou os tiros e ajudou a carregar corpos de vítimas. Fonseca conta que a revolta dos empregados começou por conta da segurança, que apreendia embalagens de leite que alguns funcionários reservavam do lanche para levar para casa.
VÍDEO: JOSÉ HORTA DE CARVALHO. O operário José Horta afirmou que "Eu acho que não morri aquele dia justamente para contar essa história diante de vocês. O massacre não foi só no dia 7. Era uma constante no nosso dia-a-dia. Viemos trabalhar durante o dia, sonhando à noite com nossa família longe, mas eles montaram um quartel aqui, num laboratório da ditadura, contrariando tudo o que desejavam os inconfidentes". Segundo ele, a PM atuava dentro da empresa, prendia e apreendia objetos dos trabalhadores.
VÍDEO: SEBASTIANA VIEIRA FILHA. Sebastiana era filha do segurança da Usiminas Antônio Elói Gandra, que ficou 3 dias escondido no interior da usina para fugir do massacre
VÍDEO: EDIVALDO FERNANDES. Edivaldo, historiador, considera a invasão do alojamento, na véspera do dia 07, tão grave quanto o massacre, devido a violência empregada pelos PMs e seguranças da Usiminas.
VÍDEO: CONCEIÇÃO MAIA RIBEIRO. Conceição que procura o irmão desde 1963. Ele trabalhava na Usiminas e desapareceu em outubro de 1963.
VÍDEO: JOSE DAS GRAÇAS OLIVEIRA. José das Graças, baleado, sobreviveu ao massacre. Com muita dificuldade, ele deu seu testemunho.
VÍDEO: ELIAS SILVINO DE SOUZA. Elias Silvino afirma que durante o massacre foi baleado no peito, mas sobreviveu.
VÍDEO: EDSON OLIVEIRA. Edson Oliveira, que faz parte da Associação dos Trabalhadores Anistiados de MG e do Fórum Memória e Verdade do Vale do Aço e foi autor da requisição para a realização da audiência. Édson declarou que "foi feito um pacto muito forte nessa cidade em que as autoridades oficiais não falam sobre o caso. Encomendaram 32 caixões, mas temos apenas 8 vítimas oficiais. Essa empresa foi construída com o dinheiro e o sangue desses trabalhadores e os responsáveis têm que vir aos tribunais, por isso escolhemos o fórum para a audiência. Aqui tem pessoas parentes de vítimas, pessoas que perderam seus pais aos 9, 10 anos e até hoje não encontraram a informação. É uma história para ser passada a limpo".
VÍDEO: ROSA CARDOSO. Rosa é coordenadora do Grupo de Trabalho Ditadura e Repressão aos Trabalhadores e ao Movimento Sindical. Rosa Maria Cardoso da Cunha destaca que graves violações que lesam a humanidade configuram crimes imprescritíveis e devem ser apurados, como no caso de massacres, chacinas, ocultação de cadáveres e tortura. Ela explica que, embora tenha sido definido que os fatos ocorridos desde o golpe até o fim da ditadura teriam atenção, o estudo será mais extenso.“Nosso mandato é mais extenso e manda que consideremos prioritárias as apurações de graves violações, que são diferentes de violações de outros direitos à vida”, acrescentou. Rosa Maria, que é advogada, atuou na defesa da presidente Dilma Rousseff (PT) e de outros presos políticos à época da ditadura.
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