TRAJETÓRIA DA PORTUGUESA QUE TORNOU-SE PIONEIRA DE IPATINGA
Nascida na aldeia de Paradela, região transmontana, pertencente a cidade de Santiago, em Portugal, em dezembro de 1934. Filha de Antônio Augusto Paredes e Maria Alves Teixeira Paredes, casou-se com Pedro Linhares Gomes no dia 16 de junho de 1956 em Volta Redonda - RJ e tiveram dois filhos: Flávio Linhares e Ivan Linhares.
VEJA a biografia do esposo, PEDRO LINHARES GOMES
VINDA PARA O BRASIL
Aos 7 anos de idade, ela veio com a mãe e um irmão para o Brasil, em um navio cargueiro. O ano era de 1942 e o “mundo estava envolvido na Segunda Guerra Mundial”. A viagem durou 36 dias e o ambiente era de “medo e ansiedade”. Meu pai havia vindo antes e, como não podia vir todo mundo no mesmo navio, ficaram ainda, em Portugal, minha avó e mais dois irmãos. A viagem foi feita debaixo de muito medo e ansiedade; toda noite, o navio tinha que apagar as luzes, para não ser detectado por submarinos. Uma noite, do convés, minha mãe, acompanhada de outra senhora, perceberam que vinha de encontro ao navio de uma embarcação com as luzes piscando. Ela e sua companheira entraram em pânico. A tripulação do navio foi colocada em estado de alerta, chegaram a distribuir os salva-vidas e hastearam a bandeira brasileira. Felizmente, após toda esta operação, foi constatado que o outro navio também era brasileiro.
VINDA PARA IPATINGA
Gemina morou com a família no Rio de Janeiro, de 1942 até 1956, casou com Pedro Linhares em julho de 1956 e foi para Volta Redonda. Pedro Linhares chegou em Ipatinga no ano de 1961, onde montou uma filial da Imobiliária Sotil (Sociedade Técnica Imobialiária), que possuía em Volta Redonda. Em fevereiro de 1962, Gemina mudou-se para Santana do Paraíso, “porque não havia condições de morar em Ipatinga”, para onde se transferiu “definitivamente” no final do mesmo ano.
SOTIL
Construimos o escritório da Imobiliária Sotil, que fez o primeiro loteamento do município na Fazenda Bethãnia, que correspondia à área do bairro Canaã até as Granjas Vagalume. Do lado, construimos uma casa, que foi a primeira do bairro Canaã. O nosso vizinho mais próximo era o Toninho (irmão do Dr. Emílio), que morava no Vila Celeste.
VEJA a história da "Fazenda Barra Grande e Bethânia"
A CHEGADA DA CEMIG EM IPATINGA
Segundo Dona Gemina, a família se mudou para o centro da cidade na mesma época em que foi firmado o covênio entre a Cemig, o Estado de Minas Gerais e a Prefeitura de Ipatinga, para a instalação de luz elétrica no município. Pedro Linhares, diretor da Sotil, participou da solenidade de assinatura do convênio juntamente com o governador do Estado, José de Magalhães Pinto, Celso Melo Azevedo, presidente da Cemig, e o então intendente de Ipatinga, Délio Baeta. A notícia foi destaque na primeira página do jornal Estado de Minas de terça-feira, 27 de abril de 1965.
PEDRO LINHARES CANDIDATO A PREFEITO DE IPATINGA
Passamos por um período muito difícil em Ipatinga, quando o Pedro resolveu candidatar-se ao cargo de prefeito do município. Antigos amigos começaram a denegrir a imagem do meu marido. Sofri muito. Vivíamos nesta época, em uma constante apreensão, porque a politica local era muito suja. Nos comicios, eu tinha sempre que estar no palanque, guardando a arma de meu marido, e aquilo não me fazia bem.
Tenho dois filhos, Ivan Alves Linhares e Flávio Alves Linhares, e tenho muito carinho para com minha nora, Andréia, mas o grande xodó mesmo são os três netos: Pedro, Vinícius e Tatiana.
APAE E CAUSAS SOCIAIS
Fui uma das fundadoras da Apae de Ipatinga, entidade que exerci o cargo de presidente por cinco anos, e fui presidente do Clube da Amizade, por três gestões, Atualmente, sou a representante do Clube de Mães da Apae, junto a Prefeitura Municipal de Ipatinga, e faço parte ainda do Conselho Fiscal da Associação de Mulheres de Ipatinga.
O clube de Mães, que funciona em uma casa alugada, ao lado da sede da Apae, tem como objetivo fazer um trabalho social, psicológico e terapêutico com as mães que, obrigatoriamente, tem que acompanhar e esperar seus filhos durante o período de permanência diária na Apae. São em torno de 25 mães, na parte da manhã e na parte da tarde, que antigamente, ficavam sentadas no passeio externo da entidade, sem nenhuma atividade, esperando a saída dos filhos. Hoje, elas passam o tempo fazendo artesanatos, que são vendidos em bazares, e a renda resultante destes trabalhos e revertida para a reposição do material usado, para ajudar as mães na compra de medicamentos mais caros e nas viagens que, eventualmente, elas tem que fazer com seus filhos, para tratamentos em Belo Horizonte.
HOMENAGEM
Dona Gemina foi homenageada pela Câmara Municipal de Ipatinga com o título de Cidadã Honorária, de autoria do vereador Roberto Carlos, durante reunião ordinária realizada dia 21 de junho de 2011. Com relação ao título honorário, Gemina contou que ficou muito surpresa quando teve conhecimento dessa honraria por meio do autor da proposição. “Fui surpreendida com o telefonema do vereador Roberto Carlos. Confesso que não sou muito apegada a isso, mas lógico que fiquei lisonjeada. É gratificante ter o reconhecimento por um trabalho que a gente faz de coração”, revelou.
FALECIMENTO
Gemina Linhares veioa falecer na manhã do dia 18 de julho de 2014 em decorrência de complicações provocadas por uma embolia pulmonar. Gemina foi velada e sepultada no Cemitério Parque Senhora da Paz, em meio à comoção de familiares e amigos da pioneira.
Pedro Linhares veio a falecer em novembro de 1990.
APAE DE IPATINGA
“A história da Apae se confunde com a história da dona Gemina”, cita Francisco Eduardo Rodrigues, que foi presidente da entidade entre os anos de 2008 e 2013. Atual diretora da associação, Célia Pedrosa recorda: “Mesmo adoentada, ela fazia questão de ir à associação. Quando não ia, realmente era porque não era possível”, lamenta.
Na entidade, Gemina Linhares também trabalhou junto ao Clube de Mães da Apae. E as mães de assistidos pela associação também se despediram, de forma emocionada, da pioneira. “Tem 17 anos que tenho uma filha na Apae. Enquanto não tínhamos o clube de mães, ficávamos do lado de fora enquanto as crianças eram atendidas. Dona Gemina nos tirou lá de fora, onde sentíamos frio. Não sabia fazer nada e ela me ensinou a fazer o fuxico”, diz, sorridente, Nívia Castro.
O Clube de Mães, anexo à associação, tem como objetivo fazer um trabalho social, psicológico e terapêutico com as mães que, obrigatoriamente, têm de acompanhar e esperar os filhos durante o período de permanência na associação. A dona de casa Maria das Graças, também participante do grupo, resumiu a perda: “Perdemos uma mãe”.
Fonte: Coletãnea "Ipatinga Cidade Jardim" - Autor José Augusto Moraes e Diário do Aço
VÍDEO: Apae Ipatinga - Vídeo Institucional
VÍDEO IPATINGA 2011: Filhos de Ipatinga contam a história da cidade
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