IPATINGA - "Devido às inúmeras, constantes e honrosas referências feitas pelo povo do Vale a um de seus mais estimados cidadãos – José Anastácio Franco, hesitamos em escrever esta biografia: talvez o espaço devesse ser preenchido pelos próprios autores. Na impossibilidade tentaremos resumir, em uma frase apenas, a opinião geral que, acreditamos, referendará o alto conceito que este pioneiro fabricianense goza na comarca e, além dela, onde seu nome é respeitado como modelo de cidadão honesto, pai de família exemplar e construtor do município:
José Franco foi um dos homens de grande valor que este vale já conheceu!
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QUEM FOI JOSÉ ANASTÁCIO FRANCO
Descendente de holandeses do primeiro Brasil, pernambucanos e paulistas, os últimos chegados à região em meados do século passado, José Franco nasceu a 11 de junho de 1905, na senhorial fazenda de Sant’Ana, Antônio Dias. Em Coronel Fabriciano que conheceu “Calado” e menino ainda, fixou-se em 1928, morando com seu cunhado Durval Mattos e trabalhando no armazém “Sílvio e Giovaninni”, uma casa de madeira recoberta de cascas de pau, como era costume da época, que ficava defronte à estação ferroviária da Vitória-Minas.
Participante ativamente do crescimento do antigo “Calado”, José Franco foi, na década de 1930, fiscal da Prefeitura de Antônio Dias, no povoado, ofício que ocupou com dignidade e eficiência, na luta pela conquista de melhores condições e benefícios de vida para a terra.
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JUIZ DE PAZ
Foi Juiz de Paz por 3 (três) mandatos consecutivos, com o nome votado ou escolhido por partidos da situação ou oposição (PTB, UDN e PDS).
A hora de trabalhar era aquela, de manhã, tarde, noite e madrugada, sem descanso, dando solução aos mais diversos e estranhos problemas com que as pessoas lhe procuravam.
INSTALAÇÃO DO MUNICÍPIO DE CORONEL FABRICIANO
Como Juiz de Paz, assinou a Ata de Instalação do Município de Cel. Fabriciano, em meio aos foguetes e banda de música, sendo literalmente carregado pelo povo em festa. Correspondeu à altura, fiel no posto, até que chegando o Intendente Gravatá, passou o cargo.
A instalação oficial se deu no dia 1º de janeiro de 1949, em sessão presidida pelo juiz de paz José Anastácio Franco. Assumiu como intendente o Dr. Antônio Gonçalves Gravatá, com o distinto objetivo de organizar a administração municipal e entregá-lo ao prefeito oficial, eleito pela população.
E assim, a 15 de março de 1949, tomam então posse o prefeito Dr. Rubem Siqueira Maia, vice-prefeito Coronel Silvino Pereira, vereadores Nicanor Ataíde, Lauro Pereira, Ary Barros, José Anatólio Barbosa, Wenceslau Martins Araújo, Sebastião Mendes Araújo, José Paula Viana, Raimundo Martins Fraga e José Wilson Camargos.
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PRIMEIRO JUIZ DE DIREITO DE CORONEL FABRICIANO
Quando da inauguração da comarca, foi ele ainda, o cidadão escolhido para o ofício de Juiz de Direito, até que o Dr. Grossi viesse a assumi-lo. Como Juiz, deu posse ao Dr. Milanez, primeiro promotor.
SUB-DELEGADO
Mais uma vez, seria o seu nome lembrado, quando se viu convocado para a sub-delegacia de Polícia de Coronel Fabriciano, em momento de crise. Na ocasião, devido ao assassinato de um chefe de família, por um soldado do destacamento local, que fugiu a seguir, e, o sub-delegado em exercício sob pressão popular, foi obrigado a deixar o vale, entregando o cargo a “Seu Franco”.
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CASA FRANCO
Comerciante desde 1930 – proprietário por muitos anos da Casa Franco, que ficava ao lado do armazém do Coronel Silvino Pereira, localizado no antigo calçadão.
FAMÍLIA
José Anastácio Franco, era casado com a senhora Ercina de Araújo (Naná), natural de Rio Piracicaba e descendente das ilustres famílias Miranda-Araújo.
O casal teve numerosa descendência. São seus filhos todos nascidos em Coronel Fabriciano. São eles: Pedro Célio, Antônio Élcio, Celma Deuse, Benedito Celso, José Maurício, Francisca Elení, Maria Imaculada, Geraldo Ildeo, Mirian d’Arc, Darcy Lúcio e Rose Mary".
Fonte: (Matéria do Diário do Aço de Ipatinga, escrita por Manoelita Lustosa)
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"DO CALADO A IPATINGA" - (Benedito Celso A. Franco)
"Quando menino, fui ajudar missa do Padre Deolindo em Ipatinga. Do Calado a Ipatinga era uma viagem! A estrada de terra não tinha poeira porque não havia movimento algum de carro. Íamos em um jipe da Belgo Mineira. Talvez tenhamos passado por um ou dois caminhões, também da Belgo, durante toda a viagem. Do Horto a Ipatinga era uma só reta – o retão do Horto, o pavor dos chouffeurs na época de chuva - uma lama só.
Na capelinha de Ipatinga foi rezada a Santa Missa. Poucos os assistentes, apesar de todo o povo estar por lá, uma vez que Ipatinga, além da Igrejinha e da estação da Vitória Minas, continha apenas algumas casas esparsas numa rua larga. Após a missa fomos almoçar na fazenda do Sô Jair Gonçalves.
Padre Deolindo seguiria para outras capelas e eu tive que voltar para o Calado. Consegui carona de caminhão até o Horto. Fiquei na pequena estação conversando com o Agente - só ele de funcionário – e me dando pouca atenção. Com uma lâmpada dentro e outra fora da estação, cada uma mais fraca que a outra, as únicas na região, não tiravam minha impressão pueril de escuridão total, quando olhava para quaisquer dos lados, onde só havia floresta fechada. E o medo das onças?... Nem falemos! Nós dois naquele mundão escuro...
E a carona para o Calado não aparecia – só iriam passar trens de minério e que não paravam, nem no Calado e muito menos no Horto. Lá pelas tantas da madrugada apareceu um bendito caminhão, justo do qual Tio Totonho era o chauffeur – não se falava motorista.
Aliás, nessa época, o Horto, hoje um dos melhores bairros de Ipatinga, chamava-se Córrego de Nossa Senhora – muitas vezes chamado de Corgo ou Coigo (Córrego é o mesmo que ribeirão pequeno ou igarapé)".
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A BAIXADA FOI NOSSA - (Benedito Celso A. Franco)
E por falar em Horto e em Ipatinga, a Belgo Mineira tinha uma cota anual de terra para comprar na região. Como essa cota havia sido atingida, o Doutor Joaquim, Superintendente da Belgo Mineira na região, teve oportunidade de comprar toda a baixada que ia do Horto até Ipatinga, onde hoje se situa a Usiminas.
Pela amizade e confiança que o Doutor Joaquim tinha por papai, ele pediu ao papai para comprar a baixada, com dinheiro emprestado pela Belgo Mineira, colocando-a em seu nome até o início do ano vindouro, quando se passaria o terreno para o nome da Belgo, pagando assim o empréstimo – o que foi realizado. Tudo na surdina e sem documentos – só o fio do bigode como garantia!
Quer queiram, quer não, fomos donos de toda aquela região onde se situa a Usiminas!
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COROINHA - (Benedito Celso A. Franco)
"Mamãe, muito religiosa, ia a todas as missas possíveis e impossíveis também. Nos meus oitos anos, encaminhou-me para ser coroinha - falava em eu ser padre. Aliás, meu irmão mais velho, o Pedro Célio, estudou no histórico Caraça, um seminário dos Irmãos Maristas - no meio de uma grande serra de minério de ferro, no município de Catas Altas, perto das também históricas Santa Bárbara e Barão de Cocais, MG. Aliás, há uma ferrenha briga entre Santa Bárbara e Barão, os dois reivindicando a posse do Caraça para seu município.
Além de proporcionar bolsas de estudos para alguns seminaristas, minha mãe ficava de olho nos padres:
- Zé Franco, o padre tal está com o sapato velho, compre um para ele. Ou:
- Zé Franco, o outro está com a batina desbotada e o paramento não está bom...
- Zé Franco... a camisa do padre...
Nas grandes festas, como a do padroeiro São Sebastião, havia os festeiros - o cargo mais importante do lugarejo. Papai e mamãe festeiros, poder-se-ia esperar festa de arromba - o dinamismo, a vivacidade e a liderança de mamãe, mais o apoio de papai, abrilhantavam quaisquer festas.
Sonho maior de mamãe: um filho padre. Mais tarde realizado - o nono dos doze filhos ordenou-se - Padre Geraldo Ildeo Franco.
O Padre Deolindo ensinou-me as respostas que o coroinha respondia durante a missa, em latim. Como é complicado decorar algo que você não entende - para dizer a verdade, nem sabia o que era o latim ou que existia outra língua que não a nossa.
É... mas acabei aprendendo e papagaiando meu latinorum todos os dias na capelinha de Nossa Senhora Auxiliadora, do Hospital Siderúrgica, ao lado da casa paroquial de Fabriciano, ou na capela de São Sebastião, no alto do morro, entre a matriz de São Sebastião e a casa paroquial atuais. Ainda me lembro: "Confiteor Deo omnipotenti..." (eu me confesso a Deus Onipotente). Interessante que papagaiava o latinorum todo errado e no seminário, apesar de saber bem o latim, falava as respostas da missa todas erradas, como aprendi.
Quando Dom Helvécio aparecia, arcebispo de Mariana, sede do arcebispado a que Fabriciano pertencia, chegava em um carro especial da Estrada de Ferro Vitória Minas - carro lindo e de luxo. Recebido pelo Dr. Joaquim, o Coronel Silvino Pereira, o vigário e as pessoas mais importantes de lugarejo - eu olhava o carro, com toda sua eminência e imponência, com olhos arregalados!... Mas um dia consegui entrar naquele carro, decorado por dentro com cetim e babados, tudo branco – fiquei extasiado! É! O Arcebispo... Sua Excelência Reverendíssima era muito importante mesmo!... Já não se fazem mais bispos como antigamente!
Ajudava a missa do arcebispo e depois era convidado para tomar café, na mesa, junto com ele, na casa onde se hospedava, do Dr. Joaquim, Superintendente da Belgo Mineira na região. Num desses cafés, presenteou-me com um seu retrato, igual ao colocado em todas as paróquias da arquidiocese, como os do Presidente da República e do Governador nas repartições públicas.
Dom Helvécio idealizou, lutou e concretizou, o Parque Florestal, assim como o caminho pela ponte velha, atravessando Fabriciano e indo para Ipatinga, passando pelo Caladinho.
Comentava-se que Dom Helvécio recebera o título de General, conferido pelo Presidente Getúlio Vargas; tinha também um irmão bispo; faleceu em um colégio de Fabriciano, o Angélica, onde mais tarde fui professor de matemática, e onde se fez um desenho de seu perfil, riscado por uma irmã, sobre a sombra de seu rosto, na parede ao lado da cama onde morreu.
O Superintendente da Belgo Mineira era o rei da região. Rei nada... Imperador! Mandava e desmandava. Colocava-se o delegado numa ótima casa da Belgo, principalmente para resolver questões de terra - da Belgo contra os fazendeiros... perceberam quem ganhava - é o que se comentava. Um fazendeiro me disse que defendeu, a bala, uma invasão do pessoal da Belgo, de um pedaço de terreno de uma de suas fazendas. Quando pequeno, ouvia cada barbaridade...
Minha mãe, orgulhosa de minhas funções de coroinha, não me deixava ajudar a missa sem sapato - nem que fosse só com um - até criticavam dizendo que usava um pé de sapato para poder economizar - andando sempre descalço eu machucava muito os pés, pois gostava muito de jogar bola, correr e brincar nos campos. Na época, todo menino andava sem sapatos - a não ser para ir à missa - até mesmo na escola ia descalço – e como os sapatos eram duros e desconfortáveis... Quando não eram os machucados, eram os calos...
Os meninos andávamos de calças bem curtas - hoje seria um short curtíssimo. Como coroinha, usava uma batina preta e sobrepeliz branca - os padres, de batina preta constantemente, recebiam a tonsura - uma coroinha na cabeça (raspavam, no alto da cabeça, uma roda de uns quatro a cinco centímetros de diâmetro). As missas em latim, com o padre virado para o altar e não para o povo e em jejum absoluto; as missas obrigatórias aos domingos; a comunhão dos fiéis também em jejum absoluto.
Quando Fabriciano lutava para se emancipar de Antônio Dias, donde era Distrito, uma comissão de moradores ilustres fabricianenses - entre eles papai, Dr. Rubens, Dr. Albeny, Dr. Joaquim, Coronel Sylvino Pereira, Sr. Lauro Pereira, Sr. Raimundo Alves, João Bragança, Claudiano, e o vigário Padre Deolindo - foi a Belo Horizonte conversar e convencer o Secretário de Governo encarregado do caso. Expôs ele a impossibilidade de Fabriciano passar a cidade, por não haver um documento demonstrando a quantidade de moradores da área a ser emancipada - englobava os municípios de hoje: Timóteo, Ipatinga e Fabriciano.
Toda a comissão apavorada! Mas, Padre Deolindo, nosso humilde e pacato vigário, dirigiu-se ao Secretário:
- Um levantamento de batizados que acabo de fazer, acho preencher a exigência; nele constam um pouco mais pessoas do que Vossa Excelência exige. Serviria? Retirou do bolso da batina alguns papéis embolados, desamassou-os, acertou-os e os mostrou ao Secretário. Este leu - expectativa geral e comoveu a todos - e bradou: - Isto serve! Fabriciano será emancipado! Euforia incontida!
Papai, como Juiz de Paz, assinou a Ata de Instalação do Município de Cel. Fabriciano. Dr. Rubens foi o primeiro Prefeito. Mais tarde, papai como Juiz de Paz assinou a elevação de Fabriciano a Comarca".
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