IPATINGA - Quem conheceu muito bem a “Estação de Pedra Mole” foi o senhor Joaquim Felício Sobrinho, mais conhecido por Joaquim Peixeiro. Joaquim veio para Ipatinga em 1918, justamente para trabalhar no desmatamento da área onde iria passar a estrada de ferro. Mais tarde, foi um dos empreiteiros contratados pela empresa Vale do Rio Doce, para o desmatamento da área onde está instalada a Usiminas e para a mudança da Estrada de Ferro da Estação de Pedra Mole (Cariru) para o Centro da Vila Ipatinga.
Segundo ele, o espaço onde está hoje o bairro do Cariru era um local barrento. Com o peso das locomotivas que, naquela época, eram chamadas de “Maria-Fumaça”, os trilhos cediam, exigindo constantes substituições. A mudança foi benéfica, portanto, para Ipatinga, principalmente porque a estação foi construída bem no coração do povoado. O perigo maior para os “camaradas” eram as idas ao “Calado”.
Joaquim peixeiro também contava que os companheiros de serviço eram chamados de “camaradas” e que o maior perigo na região não eram as feras, mas as idas ao “Calado”, hoje Coronel Fabriciano. “Os camaradas iam lá, a fim de fazer as ‘compras para as cozinhas’ e acabavam se excedendo na bebida. Sempre ficava um estendido em poça de sangue”.
O senhor Joaquim casou-se três vezes, tendo com as três esposas dezessete filhos, que foram criados em Ipatinga. A história da construção da Estrada de Ferro Vitória a Minas, é também contada por Philadélfio Feitosa, agente da Estação Ferroviária de Ipatinga no período de 1945 a 1947.
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Entrevista concedida em abril de 2002:
A HISTÓRIA
Senhor Feitosa contou sua versão de como foi construída a Estrada de Ferro Vitória a Minas e causos da época em que trabalhou nas estações. "Pedro Nolasco contratou um agenciador de nome coronel Francisco Porfírio, para trabalhar na construção da estrada de ferro. Este empreiteiro contratou trezentos e vinte e um baianos para fazer o serviço. Os baianos vieram para Vitória em um navio chamado Baependi.
O Baependi era um navio de carga e passageiros que foi afundado, na noite do dia 14 de agosto de 1942, no litoral de Recife, pelo submarino alemão U – 507”.
A CHEGADA EM VITÓRIA E O INÍCIO DA CONSTRUÇÃO
“No dia 31 de julho de 1903, os baianos chegaram a Vitória, ES. A terraplanagem para a construção da estrada de ferro foi feita a base de picareta e enxada, porque não existia trator, teve início no dia 02 de agosto de 1903, junto com a colocação de dormentes.
Domiciano de Oliveira e Joaquim Bento da Cruz foram os dois homens que colocaram os dois primeiros trilhos da Estrada de Ferro Vitória a Minas. O trilho utilizado naquela época era o de bitola 22, hoje é 68”.
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Vídeo conta a história dos 111 anos da EFVM - Estrada de Ferro Vitória a Minas celebra seus 111 anos de atividades....
Publicado por Ipatinga Cidade Jardim em Quinta, 14 de maio de 2015
INÍCIO DO TRABALHO NA ESTAÇÃO DE IPATINGA
“Quando cheguei para trabalhar na estação de Ipatinga, tinha 68.000 metros de carvão estocados para embarque. Todo carvão era transportado pelo trem porque, na época não tinha caminhões e nem estradas. Eram dois trens: P3 e P4, o P3 subia e o P4, descia. Eles só passavam lotados. O trem saía de Nova Era às 12h15m e chegava a Governador Valadares às 20h.
Norberto Campos e Hildano Silva, de 1947 a 1954, eram os maquinistas especializados em trem de passageiros e o ‘cumpadre’ Oliveira, marido da ‘cumadre’ Cidinha era o metreiro da Belgo Mineira.
O trem noturno (rápido), teve início em 1954 – começou puxado pelas locomotivas: 121, 122, 123, 124, 125, 126 e 127. Chamavam-se máquinas B40 que posteriormente foram vendidas para a estrada de ferro de Santa Catarina”.
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MOVIMENTO DA ESTAÇÃO DE IPATINGA
“A estação de Ipatinga era servida pelo CL – trem coletor, de carga. Quando ele chegava ficava de duas a três horas carregando e descarregando. Aqui era embarcada a produção de café, algodão e cereais. Essa produção chegava até a estação no lombo de burros que vinha das fazendas de Selim José de Salles e de Pedrinho Oliveira, de Santana do Paraíso. Cada vagão carregava 333 sacas. O algodão ia para Itabira, onde tinha uma fábrica de roupas e o café, para Belo Horizonte. Além disso, tinha os carregamentos de toras de peroba e do carvão”.
POUCOS ESTABELECIMENTOS
“Anexo à estação tinha um grande galpão. Na esquina, o armazém do Cláudio Bandeira e mais adiante o de João Napoleão. O resto, eram umas casinhas, onde moravam o Orlando, fiscal da Belgo Mineira e as casas da turma da Vale que ficavam após o pontilhão de ferro. O pessoal vinha de cidades vizinhas só para conhecer o trem de ferro”.
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BOTECO ANEXO
“Ao lado da estação tinha um boteco que era da ‘cumadre’ Antonieta, esposa do ‘cumpadre’ Campos que também foi agente da estação de Ipatinga. Ali, a cumadre vendia café e biscoito para o pessoal da estrada de ferro e os viajantes. Certa época, a Belgo Mineira começou a implicar com a ‘cumadre’ e com isso, transferiu o ‘cumpadre’ Campos para Santa Joana. Posteriormente, ele foi transferido para Baguari, onde veio a falecer”.
AUTORIDADE
“Onde hoje está localizado o bairro Veneza II, chamava-se Mato Grosso. Muitas vezes fui dançar ali com os carvoeiros. Todos dançavam com uma garrucha na cinta, mas, todo mundo me respeitava porque eu era autoridade. Naquele tempo, o agente da estação era considerado ‘autoridade máxima’ na Vila. O agente era: conselheiro, juiz de paz e conforme a hora também servia como parteiro.
Eu chegava no baile e mandava o pessoal guardar as armas e todos me obedeciam. Os batizados sempre tinham a presença do agente e, na maioria das vezes, era o padrinho. Quando tinha uma missa, na saída da igreja o pessoal beijava a mão do padre e a do agente da estação, eram as duas autoridades.
As moças só queriam namorar com o agente. Naquela época, eu com vinte e dois anos de idade, era o colírio dos olhos das meninas”.
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O TELEGRAMA DA GUERRA
“No dia 05 de maio de 1945 eu recebi um telegrama da guerra, que dizia o seguinte:
- Circular nº 218, dezesseis palavras, 17h45m, recebido às 20h30m, SPT (superintendente) - Vitória.
Pessoal Geral
Agradecemos avisar ao público que a Alemanha foi dominada, hoje, no Monte Castelo, às 11h20m da manhã. Parabéns aos três heróis: Mário Mascarenhas, Castelo Branco e Eurico Gaspar Dutra.
Era uma quarta-feira. Recebi este telegrama na Estação Ferroviária de Ipatinga (atual Estação Memória)".
Fonte: Ipatinga Cidade Jardim
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